terça-feira, 12 de maio de 2009


Pequeno comentário

Lendo os comentários de Julien Gracq sobre Proust penso na obra de Pedro Nava, na qual a memória se impõe sobre a ficção de forma tão poderosa. E me pergunto em que medida essa sede de beber na fonte das lembranças diante do limbo da criação não teria sido, em última instância, um dos motivos do suicídio do escritor mineiro. De fato, a ele faltava esse ‘tremblement d’avenir’, o tremor de futuro, de que fala Gracq. É verdade que ao ler Baú de ossos sentimos o prazer da crônica a nos revelar detalhes e a ressuscitar pequenos prazeres. Mas sentimos também que lhe falta a faísca que lavra o incêndio dos grandes escritores...

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