quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


seg, 25/01/10 por Simone Magno
Blog CBN - Tempo de Letras


O quadro desta semana é com o poeta Everardo Norões, autor do belíssimo Retábulo de Jerônimo Bosch (7 Letras), que em breve lança Poeiras na réstia. Cearense de Crato, tem outros livros de poesia, é co-autor do texto das peças Auto das portas do céu e Nascimento da bandeira e escreve artigos e crônicas para diversos jornais.
TL – Qual o livro que mais mexeu com você?
EN – Foi Os irmãos Karamazov. Eu era bem jovem, devia ter uns 13 anos, idade em que você se pergunta se Deus existe e, se ele existe, por que tanta injustiça etc. Coisas de menino quando começa a se inteirar que está virando gente. Quando me lembro, acho que tive uma depressão após a leitura de Dostoievsky. Não era para menos. Até hoje nunca reli o livro, embora sempre fique me prometendo fazê-lo. Para usar a linguagem do boxe, foi uma espécie de jab de direita…
TL – O que você está lendo agora? O que está achando?
EN – Tenho um vício: nunca leio um único livro. No momento são dois: Las armas secretas y otros relatos, de Julio Cortázar, uma edição especial, feita em Cuba, da Casa de las Americas. Digo especial porque a seleção dos textos foi feita pelo próprio Cortázar, dez meses antes de sua morte. No livro estão dois excelentes ensaios sobre o conto, os mesmos que foram publicados no Brasil, no Valise de cronópio, da editora Perspectiva, edição organizada por Haroldo de Campos e David Arriguci Jr. Minha outra leitura do momento é El cielo sobre nosotros, do peruano Carlos Garayar, editado pala Alfaguara, em 2007. Um presente de meu amigo, o poeta peruano Hildebrando Pérez Grande. Trata-se de um excelente romance que, não sei por que razão, ainda não foi traduzido e editado no Brasil.
TL – Qual o primeiro livro que marcou sua vida?
EN – Deixo para o fim a primeira pergunta. Meu primeiro livro, de que lembro? De um escritor de minha terra, Iracema, de José de Alencar. Na minha época de ginásio era quase obrigatório conhecer José de Alencar e Augusto dos Anjos. Ainda hoje sei de cor pedaços de poemas do Eu. Na época, não entendia nada, mas soava bonito, todas aquelas palavras ‘difíceis’ que fazia a gente se sentir tão pequeno diante da grandeza da língua….
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