quinta-feira, 19 de agosto de 2010


De biblioteca...

- Vim procurar uma palavra perdida num texto de Joaquim Cardozo, no Livro do Diário...
O poeta me recebe num exíguo escritório, entre arquivos de aço, recortes, livros ensebados.
Na parede, um poema de sua autoria: “Seção de Obras Raras”. Deveria ser fixado nas paredes de nossas bibliotecas. Fora, o parque Treze de Maio: galhos e raízes rasgam céu e terra, num emaranhado de vísceras: poemas de Alberto Cunha Melo.
Queixa-se dos vencimentos, fala de biblioteca, discursa sobre Horácio, um de seus preferidos.
E eu, que procurava apenas uma palavra fugida de um ensaio do poeta do Signo Estrelado sobre Manuel Bandeira.
Não a encontrei. O tipógrafo havia podado uma das frases. Não era o x da equação de um poema de Cardozo, mas qualquer coisa que faltasse a algum de seus textos era tijolo faltante de uma casa.
- E agora, Poeta?
- Pode inventar.
Toda palavra é uma mentira de Deus.

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